quinta-feira, 15 de março de 2012

Tiago Oliveira - Feirense, Futebol Formação e Futuro

Boa tarde Tiago, antes de mais o meu obrigado por me concederes um pouco do teu tempo.
Como é trabalhar no Feirense?
É muito bom, eu considero-me um privilegiado por poder trabalhar naquilo que mais gosto, num clube honesto e cumpridor como o Feirense. 
Sendo que fazes trabalho de observação, explica-nos o que é que faz um observador?
Um observador tenta ajudar a equipa a ganhar o jogo, detectando pontos a explorar e pontos fortes do adversário. Tentamos apresentar detalhadamente as características do adversário e a partir da análise que fazemos do adversário, montar a estratégia para cada jogo. Sobre cada adversário é feita uma apresentação em PowerPoint com características individuais e colectivas de cada adversário, que depois é complementado com um compacto (em vídeo) com cada um dos momentos do jogo (organização ofensiva, organização defensiva, transição ofensiva, transição defensiva e Bolas Paradas)
Gostas do que fazes?
Adoro o que faço! Sou um apaixonado pelo jogo e a análise dos adversários permite-me evoluir e entender cada vez melhor o jogo, uma vez que tenho a possibilidade de perceber as ideias de diferentes treinadores e formas de reagir a situações que ocorrem durante o jogo.
Quais são os teus objectivos neste mundo do futebol?
Os meus objectivos passam por evoluir cada vez mais e tirar o máximo de partido de cada experiência que tenho a possibilidade de viver. Para além da paixão pelo jogo, a liderança e o treino fascinam-me e quero absorver o máximo, aprender com os melhores para que um dia possa abraçar uma carreira de Treinador Principal, se possível no futebol profissional.
Acreditas ainda na permanência no Feirense?
Sem dúvida, é um facto que não estamos na posição que pretendíamos, mas basta abrir os jornais e ler as crónicas de cada jogo do Feirense, onde a opinião é unânime…este Feirense pratica bom futebol e discute todos os jogos até ao fim. Com excepção dos jogos da Académica e Braga (ambos fora de casa), conseguimos disputar todos os jogos de igual para igual, mesmo com os grandes, onde um ou outro detalhe falhou, mas acreditamos no trabalho que estamos a desenvolver e sabemos que apesar do grau de dificuldade, não é impossível e cabe-nos lutar até ao fim e amealhar o máximo de pontos para que o Feirense fique no lugar que merece, que é entre os grandes do futebol português.
Sentes-te orgulhoso por trabalhar com um dos planteis da 1ª liga Portuguesa, com mais jogadores portugueses?
É uma política com a qual me identifico, sou apologista de valorizarmos o que é nosso, embora também seja a favor de jogadores de outras nacionalidades no nosso campeonato, quando estes vêm acrescentar valor às nossas equipas… bons jogadores, venham eles! O erro que por vezes é cometido em Portugal é que entre um estrangeiro e um português, fica o estrangeiro e isso é preciso combater e dar oportunidade aos nossos jogadores.
Há muita qualidade em Portugal, há jovens com enorme potencial, precisam é de oportunidades e que os treinadores tenham coragem para apostar neles! O Feirense tem-no feito e na minha opinião, bem.
As pessoas de Santa Maria da Feira têm comparecido no estádio para ajudar a equipa? (Sendo este um dos problemas mais preocupantes da nossa liga)
Sim, os adeptos têm apoiado a equipa e nota-se um entusiasmo diferente daquele que se vivia em anos anteriores. A média de espectadores por jogo subiu drasticamente, a claque “Civitas Fortíssima” está cada vez maior e melhor. A todos eles um bem-haja e continuem a comparecer no estádio para nos apoiar, se possível trazendo mais gente, porque todos juntos, será mais fácil tornarmos este sonho uma realidade.
Como foi/é a tua experiência nos juvenis do Feirense?
Já trabalho nas camadas jovens do Feirense desde 2004, já lá vão 8 anos e esta época foi a minha estreia como treinador principal nos campeonatos nacionais, considero que foi uma experiência fabulosa.
Tive a felicidade de encontrar um grupo fantástico de jogadores, um verdadeiro GRUPO, onde a união e o espírito de equipa fizeram com que tudo corresse tão bem e fosse tão simples. O meu trabalho foi facilitado pela entrega e vontade de aprender destes jovens, sem esta atitude por parte deles, não seria possível chegar onde chegamos (2ªfase do campeonato nacional de Juniores B).
 O nível de exigência do campeonato é fantástico, obriga-nos a trabalhar tudo ao pormenor, os detalhes fazem toda a diferença neste tipo de campeonato, onde defrontamos equipas muito bem trabalhadas como são os casos do F.C.Porto, Boavista, Padroense, Vitória S.C (Guimarães), etc.
Cresci muito como treinador e isso devo-lhes a eles (aos meus jogadores), motivaram-me sempre para ir à procura de soluções para pequenos obstáculos que foram surgindo e não tenho dúvidas que no final desta etapa posso afirmar que sou “melhor treinador” do que no início da mesma.
Acreditas que há talento nos jovens jogadores portugueses?
Sem dúvida alguma, penso que em termos de proporcionalidade somos o maior “viveiro de talentos” do mundo. Um país tão pequeno como o nosso, consegue formar excelentes jogadores. Apesar de considerar que há algum excesso de jogadores estrangeiros nas equipas da formação em Portugal, penso que estamos no caminho certo, no que diz respeito à exploração dos talentos que há no país.
Mais uma vez obrigado pelo teu tempo e muitas felicidades na tua vida profissional.
Obrigado eu, pela oportunidade e votos de muitas felicidades para este blogue.

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